Primeiro foi o
Aeroporto 2 de Julho, que virou Aeroporto Luis Eduardo Magalhães. Agora
é o Bairro 2 de Julho, um dos últimos enclaves do Centro Histórico, Centro
Antigo ou Bahia Antiga – como chamam o patrimônio histórico e cultural que
sobrou da parte central da primeira capital do Brasil em Salvador.
Eles, os especuladores de sempre, estão querendo mudar o nome em nome de uma pretensa "humanização" que exclui os moradores. [Como já, criminosamente, fizeram com o Pelourinho.] Para tanto, isso passa por uma defecção do bairro, o que inclui a sua criminalização, acusando-o como novo point da crackolândia, o que, com certeza, não o é: é só mais um bairro do centro de Salvador.
Um bairro de gente simples, trabalhadora, que tem tantos consumidores de droga quanto em outros pontos do mesmíssimo centro. Falo de pontos de usuários de crack que pululam pelo centro de Salvador, a exemplo da Praça da Piedade [que fica justamente em frente à Secretaria de Segurança Pública do Estado].
Ou a exemplo da Praça Municipal, exatamente em frente à Prefeitura de Salvador, onde fica encastelado o prefeito João Henrique, que quer enfiar mais este 'projeto' goela abaixo da população. Ou - para continuar batendo no mesmo point - da Câmara Municipal, onde os vereadores continuam calados ou mancomunados com projetos espúrios como este, como sempre.
Quererem alegar que o 2 de Julho, um Bairro de gente decente, feira livre e comércio tradicionais, um autêntico ponto de resistência e referência cultural da nossa cidade, teria se tornado hoje ponto de bandidagem: isso sim é uma tremenda bandidagem, armação dessa gente mal intencionada. Trata-se apenas mais uma estratégia maquiavélica visando desqualificar e descaracterizar o Bairro 2 de Julho como 'Bairro' da nossa cidade e caracterizá-lo apenas como 'localidade'.
Explico: para ser considerado Bairro é preciso, por exemplo, que itens essenciais como 'Educação', entre outros, estejam contemplados no bairro, caracterizando-o como tal. Lamentavelmente, é exatamente por isso que o Governo vem tentando fechar o Colégio Ypiranga (tradicional colégio, que atende a crianças do bairro e filhos de ambulantes que trabalham na Avenida Sete e adjacências).
A explicação, agravante: estão fazendo isso porque o prédio do Colégio Ypiranga é um verdadeiro filé mignon para empreendimentos hoteleiros tipo ‘Convento do Carmo’, pois trata-se, nada mais nada menos, do que o casarão oitocentista onde viveu e morreu o poeta Castro Alves. Isso mesmo: pire aí - como dizem os da nova geração.
Essa gente quer transformar o Colégio Ypiranga em hotel ou ‘shopping cultural’ ou outra sandice qualquer: centro de baticum, centro de capoeira, qualquer desculpa, qualquer coisa, menos colégio, instituição de ensino.
Atitude deliberada, (in)justamente visando tirar a condição de 'bairro' do Bairro 2 de Julho, tornando-o uma 'localidade' do centro antigo de Salvador e, assim, levarem adiante seu intento de especulação de interesse internacional.
Como a comunidade já começou a reagir, agora eles já estão tentando tergiversar, alegando em palestras promovidas por entidades governamentais sediadas em Salvador que o 'Largo 2 de Julho' , absolutamente, não se preocupem que não mudará de nome. É muita cara-de-pau. Essa tentativa de atribuir apenas a um Largo o nome de todo um Bairro não passa de cortina de fumaça.
Mas, que assim seja: isso é o que os moradores também querem: que não mudem nem o nome do Largo 2 de Julho, e, muito menos, do Bairro onde ser localiza este largo referencial, o Bairro 2 de Julho. Bairro sim, senhores governantes desta triste Bahia ó quão dessemelhante: Bairro, com B maiúsculo. Um Bairro onde a História da Bahia se escreveu - e se escreve - por becos e ruas tradicionais.
Pontos importantes, como a Rua do Cabeça, Rua da Forca, Ladeira da Preguiça, Rua do Sodré > onde Castro Alves viveu e onde se localiza o Museu de Arte Sacra da Bahia < Areal de Cima, Areal de Baixo, Rua Evaristo da Veiga, Fantoches da Euterpe etc. até a Ladeira de Santa Teresa - nome que essa gente que extrapolar para todo o Bairro Dois de Julho.
Alegam que a denominação ‘Santa Teresa', nome de uma santa da religião católica, é mais ‘palatável’ para o consumo e para o turismo. Para tanto, além da homenagem à mística carmelita de Ávila, eles se estribam no exemplo do bairro Santa Teresa no Rio de Janeiro, bucólico e histórico recanto turístico daquela cidade. Nada contra Santa Teresa, senhores, ela até que é uma santa simpática: mas deixem o nome do Bairro 2 de Julho em paz.
E, a propósito: não se trata de exagero nem de maluquice nem de paranóia. O problema existe. Na real. Basta entrar no site que vem sendo divulgado irresponsavelmente pela Prefeitura de Salvador e conferir: http://issuu.com/cideu/docs/humaniza__o_de_bairro_santatereza
Ali, o prefeito João Henrique, aliado ao capital do megaemprersariado local e internacional vem 'vendendo' o Bairro 2 de Julho fora do Brasil como 'Bairro Santa Teresa'. Isso aí: assim mesmo, decidido de cima pra baixo e ponto final. E já há um bom tempo.
Neste site você poderá se inteirar dos argumentos defendidos pelos empresários & Prefeitura para o 'novo bairro de Salvador' e, inclusive, assistir às simulações e projeções das 'novas' ruas do Bairro, devidamente repaginadas sob o eufemismo de "humanização". Depois disso tudo, se você também se sentir, mais uma vez, traído, como bahiano, indigne-se e faça o seu protesto.
Como bem disse o poeta Zahia Bahia - cuicadesantamarando e declarando seu (nosso) amor na estrofe final do cordel "O Que É Que a Bahia Tem Contra o 2 de Julho ?":
nosso amor ao 2 de Julho
2 de Julho influência
2 de Julho independência
Por ti faremos barulho
2 de Julho por favor
2 de Julho meu orgulho
2 de Julho meu amor
Dois de Julho sim, Santa Teresa não. Não como nome do Bairro.
Em tempo: Só pra registrar: a famosa mística das irmãs carmelitas não descuidada das coisas práticas: ela bem que sabia fazer uso das coisas materiais para o serviço da igreja. Aliás, foi ela mesmo quem disse um dia: "Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência."
Metáfora apropriada para as forças que a comunidade do Bairro 2 de Julho está enfrentando na luta pela preservação do nome: a fortaleza do megaempresariado, que conta com a graça da Prefeitura de Salvador e muito dinheiro, formando uma potência.
Mas vale lembrar também as bíblicas Muralhas de Jericó, que eram altas e poderosas [Josué 6, 5], praticamente inexpugnáveis naquela Palestina distante 1200 anos a.C., e que não resistiram aos sete dias de som das trombetas. Vamos fazer soar as trombetas do protesto contra a mudança do nome Bairro 2 de Julho, fazendo coro à pergunta formulada no cordel, bem no espírito bahiano de Caymmi: afinal, o que é que a Bahia tem [ou as autoridades da Bahia têm] contra o 2 de Julho?
Paranaense radicado
na Bahia, Carlos Verçosa é publicitário, roteirista, poeta. Autor do livro “Oku, viajando
com Bashô”
2 de julho é data da independência da bahia. 2 de julho, assim se
ResponderExcluirchamava o aeroporto de salvador, q após a morte do filhinho do painho
passou a se chamar aeroporto luis eduardo magalhães e está hoje. 2
julho é um bairro histórico localizado no centro da cidade, onde
castro alves morou, sua casa hoje é uma escola publica e a querem
fechar pra transformá-la em um shopping cultura: batucada, candomblé,
acarajé, abará, trança, capoeira. 2 de julho tem vista pra linda bahía
de todos os santos, um regalo para mega empresarios. Agora o projeto é
"humanizar" o bairro, tirar a bandidagem e os crackeiros, fechar a
escolas, pois "moleques" pretos ali circularão apenas para ser
caricaturas> batucada, candomblé e capoeira. Pois é, e 2 de juloh se
chamará santa tereza, pois assim é no RJ a cidade mais turistica do
brasil, temos q seguir padrões. enfim, triste bahia.