terça-feira, 20 de agosto de 2013

O vegetarianismo é uma grande bobagem [Cazzo Fontoura]



Ao contemplar uma exposição de carnes num mercadinho de bairro, cheguei à seguinte conclusão: o vegetarianismo é uma grande bobagem. Logo no primeiro instante em que me deparei com aquele varal de bichos mortos – esteticamente bem posicionados, suas cores distribuídas de maneira concisa, combinando com o ladrilho manchado da parede – me peguei surpreendido, constatando o que há algum tempo ouvi o poeta Affonso Romano de Sant’Anna dizer: “Não existe morte. O que existe é vida alimentando vida”. Sim, o sangue que ainda escorria de um volumoso pedaço de boi ali exposto me encheu de vida.

Discussões advindas de experimentações, conclusões científicas quanto aos benefícios ou males da dieta vegetariana são sempre válidas pelo simples fato de que jamais serão absolutamente conclusivas. Adeptos do capim e afins defendem que excluir animais do prato os protege de doenças cardiovasculares ou outras tantas originadas do excesso de gordura. Já os carnívoros convictos usam como principal argumento a ausência do ferro e da vitamina B12, essenciais para a formação das hemácias e da hemoglobina.

O que deve, de fato, ser desprezado é o cientista que defende a ingestão de carnes que tem lá seus compromissos com a inescrupulosa indústria alimentícia – em função de experimentações agressivas à saúde humana, como a inserção de composições químicas para um crescimento mais rápido dos frangos, fazendo-os prontos para o abate em curto espaço de tempo. Mas, fora o discurso contrário à utilização de macacos e ratos como cobaias de testes para curas de doenças em seres humanos – talvez estupradores fossem animais ideais para tal situação –, também costumo dar pouca valia aos defensores da alimentação vegetariana seja por motivações religiosas, seja porque ficam tristes ou indignados com a matança de animais transformada em aperitivo comum nos pratos nossos de cada dia.

Pois bem, afirmar que cachorro tem alma (e o que é mesmo alma?), que papagaios falam (não, eles não falam, apenas reproduzem o que dizemos), que elefantes sentem quando vão morrer, inevitavelmente, não passam de crenças. Há quem creia que um sujeito morreu num dia e três dias depois ressuscitou. Diante disso, acreditar que vinho faz bem ao coração chega a ser, no mínimo, plausível de se acreditar. Mas o que me leva a insultar, com a boca mastigando carne cheia de nervos, o sentimentalismo em prol de vacas, bois, galinhas, frangos, peixes e crustáceos é não entender muito bem em que vacas, bois, galinhas, frangos, peixes e crustáceos são melhores do que micróbios e bactérias sempre presentes entre nós, nas nossas peles, no beijo que nos damos, no aperto de dentro do ônibus, na comida e na bebida que ingerimos? Ou seja, tudo é vida.

Pregar o vegetarianismo como um jeito de se alimentar mais saudável, considerando ingerir carne como o grande vilão da vida humana, é menos estúpido do que inserir neste discurso o sofrimento do porco que será abatido ou a angústia do boi frente ao machado que lhe será cravado à cabeça. Sofrer e angustiar-se, até onde é possível comprovar, são sensações que ocorrem em homens e mulheres. Mas há quem defenda que cachorros sentem saudade. Certo mesmo é que tudo não passa de mera especulação, tão inconclusiva quanto a existência ou não de deus.

E por falar em sagrado, tanto a guerra que travamos com micróbios, bactérias, fungos e vírus quanto a rede abarrotada de peixes arrastada para a beira do mar são eventos essenciais à existência humana, equivalentes à ilusão de consagrarmo-nos sábios pelas nossas escolhas, desprezando, em absoluto, o possível fato de que, em alguma medida, não passamos de meros seres ignorantes de nossa ínfima contribuição no único e inevitável ciclo: nascer e morrer em favor da vida.  

2 comentários:

  1. pois é, da série provocações - barata- de cazinho, rs. pois bem, não acho o vegetarianismo uma bobagem, bobagem é menosprezar tal. A ver se me explico...o problema pra mim reside na industrialização do alimento, o q comemos hj é uma noção de tomate mas tomate mesmo já não conhecemos, assim é com morango, com o ovo, com a galinha, com a carne, com quase tudo q ingerimos. a terra está contaminada, as sementes estão contaminadas, o ar está contaminado, tudo está contaminado, tudo um grande câncer. Pra mim aí é o grande problema, a industrialização do alimento, o problema não é comer carne pq faz mal a isso e ou aquilo, o problema é da onde vem essa carne, de como ela é produzida. pq os animais já não tem sua vida animal, e por isso sim, acredito q nos traz grandes problemas de saúde, mas isso vale pro leite, pro ovo, pra manteiga, pro morango, pro tomate, pro pimentão. a industrialização do alimento destruiu a natureza e a cultura. já q uma vem com a outra. padronizou um tipo de alimento, que todos devem consumir, não são mais respeitados os ciclos, as estações e o q a terra dá, come-se de tudo em qlqr época do ano em qlqr lugar, e convenhamos, isso não é possível dentro de uma lógica da natureza-cultura cíclica, em movimento, em sintonia.

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  2. Leia mais sobre o vegetarianismo... FAlou ?

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